Como transformar os efeitos da pandemia do novo coronavírus em oportunidades

Os efeitos estão trazendo mudanças

Desde que a pandemia de coronavírus começou, parece que vivemos em um mundo surreal, longe de nossas rotinas normais e dos resultados previsíveis. Podemos considerar quase como um fato que, provavelmente, nem tudo voltará a ser como era antes. Ao contrário, algumas mudanças que estamos vendo se tornarão permanentes e é importante que os negócios se questionem quais serão essas mudanças. O modo como as empresas estão aprendendo e se ajustando nessa crise irá influenciar seu desempenho no futuro, criando mais agilidade, relacionamentos mais próximos e um mundo em que os canais digitais se tornarão os principais.

Incerteza
As empresas estão lidando exaustivamente com a demanda prolongada e imprevisível, que deve durar no mínimo até o fim de 2020. Os negócios que estão enfrentando uma forte queda na demanda, como a aviação, enfrentarão exatamente o problema oposto em alguns meses, quando a pandemia estiver acabando e as pessoas puderem viajar novamente. As restrições de viagem geraram adiamentos, que por sua vez levarão ao acúmulo de demandas assim que as restrições forem suspensas. Nesse momento, as companhias aéreas e empresas similares talvez não tenham a capacidade necessária para atender todas as demandas, forçando essas empresas a adaptarem suas propostas de serviço.

Relacionamentos digitais
A maioria das empresas mudaram suas operações físicas para digitais na medida do possível. A interação com colegas, as sessões de brainstorming e as reuniões foram movidas para plataformas online, como Zoom e Microsoft Teams. Além disso, nossas relações com clientes e fornecedores mudaram, pois o contato físico é restrito ou até impossível. Escolas e universidades, por exemplo, rapidamente mudaram suas aulas e provas para plataformas digitais. Até o conteúdo sob demanda para ser consumido pelos alunos está sendo testado. A redefinição de contato pessoal produziu normas sociais diferentes de construção de confiança e relações interpessoais.

Estratégia digital
O comércio eletrônico está crescendo mais do que nunca. Lojas fechadas e filas intermináveis nos supermercados encorajam as pessoas a adotarem comportamentos online. Algumas redes de supermercado em todo o mundo viram suas vendas online quintuplicarem. No entanto, não foram apenas os varejistas que perceberam uma mudança drástica de comportamento e precisaram se adaptar. Fornecedores e restaurantes locais também estão abraçando coletivamente uma estratégia online. Conferências e eventos estão acontecendo de maneira remota. E com cinemas, praças e parques fechados, até mesmo Hollywood precisou mudar e abraçar o mundo digital.

Adaptando estratégias

Em uma pesquisa recente, quase 70% dos países europeus indicaram que a pandemia iria acelerar o ritmo de suas transformações digitais. Em tempos de crise, as empresas parecem aprender e se adaptar mais rápido do que antes. Agora é o momento de reavaliar e acelerar as iniciativas digitais inovadoras que possam ser bem sucedidas no futuro.

A digitalização torna-se prioridade
A digitalização de processos, compras no varejo e do trabalho têm acontecido por quase uma década. Por muito tempo, a transformação digital parecia sempre abrir caminho para problemas operacionais e objetivos de curto prazo. O crescimento estável da demanda online sempre levava ao mesmo ritmo estável, porém lento, de mudanças. A pandemia de coronavírus, entretanto, causou uma reviravolta: em um curto período, a demanda online literalmente disparou. As empresas estão trabalhando dobrado para ajustar suas operações e atender a demanda drasticamente alterada. Isso significa também escalar suas cadeias de suprimentos, infraestruturas de TI, adoção de softwares e competências dos dados.

Novos limites de adaptabilidade e flexibilidade
Este momento pelo qual estamos passando tem reforçado e acentuado a nossa flexibilidade e capacidade de aceitar e abraçar a mudança, tanto do ponto de vista pessoal, quanto empresarial. Essas capacidades latentes tornaram-se aparentes e nos surpreenderam e inspiraram a explorá-las em situações futuras.

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O coronavírus lança uma nova luz sobre nossa flexibilidade e capacidade de aceitar e abraçar a mudança.

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Criatividade e inovação em ritmo acelerado
Nós também estamos vendo as primeiras explosões de inovação e criatividade. De um lado, grandes empresas e startups de todo o mundo estão disponibilizando produtos e serviços que podem ajudar diretamente os governos a combaterem o coronavírus e salvarem vidas. Do outro, negócios tradicionais estão sob pressão e precisam de novas ideias para nortear suas táticas, diversificar suas ofertas e garantir o futuro de seus modelos de negócio. Infelizmente, porém necessário, em tempos de crise, as pessoas tendem a ser criativas ao enfrentar incerteza e flexibilidade. Novos serviços e ofertas estão aparecendo no mercado em um ritmo mais acelerado que o de antes. A conhecida marca de cosméticos Rituals, por exemplo, está testando, em Amsterdam, novas opções para compra particular mediante agendamento. As plataformas de ingressos rapidamente se reinventaram para oferecer eventos virtuais com os mesmos elementos de um evento físico, incluindo networking e bebidas.

Faça agora para se preparar para o futuro

Nesses tempos de crise, as empresas podem escolher entre: serem reativas ou defensivas; proteger o seu posicionamento ou transformar a situação em oportunidades para acelerar as mudanças necessárias e considerar isso um súbito vislumbre do mundo futuro. Quando a poeira baixar, as empresas terão que se preparar para o próximo normal, sabendo que ele será diferente do que era antes. Essas dicas poderão lhe ajudar a preparar o seu negócio para o futuro:

1. Descubra quais mudanças positivas estão acontecendo em seu negócio e foque em tomar decisões sólidas e de longo prazo que auxiliem essas mudanças. Se, por exemplo, o trabalho remoto for algo no qual você vê valor no futuro, invista em softwares de segurança e práticas de boa gestão para auxiliá-lo no longo prazo.

2. Redefina suas prioridades: muitas empresas estão e seguirão sofrendo perdas severas em suas receitas. Considere isso como uma oportunidade de alinhamento estratégico, se perguntando quais são as reais necessidades do seu negócio e do seu público-alvo e do que você pode ficar sem. (veja a figura 1).

3. Recolha e analise dados: grandes varejistas online se aproveitam dos benefícios de analisar, entender e explorar os dados de comportamento há mais de uma década. Agora, as empresas que foram forçadas a se tornar digitais devido à pandemia também têm podem coletar e analisar grandes quantidades de dados para obter insights sobre seus clientes e fornecedores.

4. Foque em seus clientes: continue a focar em seus clientes e encontre (novas) maneiras de mantê-los felizes. Se for verdade que em tempos de crise você descobre quem são seus amigos, isso talvez possa se aplicar aos negócios também. Empresas que conseguirem manter relações saudáveis com seus clientes durante essa situação difícil irão observar uma maior lealdade posteriormente.

5. Apesar dos negócios se sentirem forçados a parar qualquer projeto que não seja diretamente viável e operacional, agora, mais do que nunca, é importante continuar inovando. Essa inovação não precisa acontecer com base em grandes investimentos em pesquisa e desenvolvimento, mas a partir de processos ágeis e simples que levarão a investimentos rentáveis no curto prazo.

Para concluir

Em algum momento quando a situação melhorar, as empresas e os seres humanos olharão para trás e sentirão orgulho dos casos em que mostramos nossa criatividade e inventividade. Essas habilidades e as súbitas mudanças nos ajudaram a acelerar nossa transformação para empresas à prova do futuro. A nossa conclusão é que nossas experiências, aprendizados e ajustes durante a pandemia de corona terão influência direta sobre hoje e sobre o futuro. Portanto, é extremamente importante que as empresas entendam quais mudanças serão permanentes e como antecipá-las. Definir o próximo normal e se preparar para ele lhe ajudará a moldar o futuro.

Esse artigo foi escrito por Erica D'Acunto, Líder de Inovação e Cientista de Dados Sênior.

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